quarta-feira, 8 de janeiro de 2014




                              Ultrassom
                           Princípios Básicos



O ensaio por ultrassom é um método não destrutivo, no qual um feixe sônico de alta freqüência é introduzido no material a ser inspecionado com o objetivo de detectar descontinuidades internas e superficiais. O som que percorre o material refletido pelas interfaces é detectado e analisado para determinar a presença e localização de descontinuidades.

A energia sônica refletida pelas interfaces depende essencialmente do estado físico da matéria que está do lado oposto da interface e em menor grau das propriedades específicas da matéria. Por exemplo as ondas sônicas são quase totalmente refletidas em interfaces metal-gás. Reflexões parciais ocorrem em interfaces metal-líquido e metal-sólido, sendo o porcentual de enrgia dependente de certas propriedades físicas dos materiais que compõem a interface.
Trincas, laminações, rechupes, poros, falta de fusão e outras descontinuidades que atuam como interfaces metal-gás podem ser facilmente detectadas por ultrassom. Inclusões e outras descontinuidades podem também ser detectados pela reflexão parcial ou espalhamento do feixe sônico, ou até mesmo pela produção de outros efeitos detectáveis.do o porcentual de energia dependente de certas propriedades físicas dos materiais que compõem a interface.


A maioria dos aparelhos para o ensaio de ultrassom detectam descontinuidades através da monitorização das reflexões sônicas transmitidas ao material através de um cabeçote acoplado à peça. O aparelho geralmente dispõe de um visor que possibilita determinar a existência ou não de descontinuidades no material.

O ensaio de ultrassom é um dos ensaios não destrutivos mais importantes. Sua aplicação principal na inspeção de materiais é na detecção e avaliação de descontinuidades internas. O ensaio é utilizado também na detecção de descontinuidades superficiais, medição de espessuras e avaliação de corrosão e, menos frequentemente, para determinar propriedades físicas, estrutura, tamanho de grão e constantes elásticas dos materiais.



Poderá encontrar o perfil profissional  de Walter Moreira de Souza no link:

E-mail:    walterdracma@yahoo.com.br
Inspetor de ultrassom


INSPEÇÃO ULTRASSÔNICA SOBRE PELÍCULA DE TINTA

Inspeção sobre camada de tinta como medição de espessura e varreduras ultrassônicas são perfeitamente possíveis usando recursos desenvolvidos e disponíveis nos instrumentos de END modernos. 
Cada equipamento a ser inspecionado é desenvolvido um procedimento específico e otimizado, analisando todas as técnicas e metodologias possíveis e os registros dos valores serão computados  para análise das perspectivas da vida útil dos equipamentos, registros fundamentais na manutenção preventiva ou preditiva. Os levantamentos dimensionais  serão analisados por profissionais de engenharia da contratante que através de memórias de cálculos darão o parecer técnico e laudo.

Alguns amassamentos poderão serem confundidos com empolamentos por hidrogênio, principalmente em dutos de grandes diâmetros que facilmente é avaliado pelo ultrassom. São deformações mecânicas provocados de dentro para fora.


 CONFIABILIDADE EM EXCELÊNCIA DO MÉTODO A-SCAN

          O ensaio de ultrassom consiste num sinal de um campo elétrico gerado segundo às leis da natureza, por um cristal piezo-elétrico, proveniente de uma pressão vibratória de um feixe sônico, refletido por uma interface que neste estudo específico, poderá ser de uma superfície ou uma descontinuidade refletora. Quanto maior a perpendicularidade com relação a direção do feixe e volume da interface, maior será a energia refletida e consequentemente maior a amplitude do ganho em decibéis do sinal do eco na tela screen do aparelho osciloscópico. Existe uma variante de formas de projetar graficamente este sinal que metrologicamente não acrescenta nenhuma precisão adicional.
         O sinal refletido do feixe angular , durante a calibração, deverá ter resolução precisa , através de um bloco de calibração de dois raios distintos com dois milímetros de degrau para um cabeçote de 4 MHz de frequência, onde o eco do sinal terá que ser subdividido no meio até a pelo menos 50% da altura com eco refletido a 80% total da tela screen tipo A-scan.
         Este precedimento é essencial para distinguir com precisão milimétrica dois refletores próximos como distintos, mesmo que estejam a um milímetro de distância entre eles.
          Defeitos conhecidos como micro-trincas em raízes, falta de fusão entre passes, de difícil detectabilidade e nocivos em equipamentos tensionados ciclicamente, ocasionados durante os primeiros passes da soldagem, são perfeitamente detectados pelo método A-scan, devido a minuciosidade e sensibilidade da varredura manual da raiz.
           Durante a varredura, os movimentos proporcionam a incidência do feixe sônico do transdutor em diversos ângulos no eixo da solda e pelos lados adjacentes da margem, procuram maximizar o ganho do sinal refletido pelas emissões sônicas , posicionando dinamicamente e precisadamente a melhor inclinação do transdutor com relação a perpendicularidade do refletor com o angulo do feixe de saída do index do transdutor , devidamente calibrado com o bloco Bloco V1. conforme normas : Din 54120 / EN 12223. Estes movimentos, que buscam a otimização do ganho do sinal, além dos paralelos e tranversais, são do tipo orbitais, oblíquos e rotacionais, que avaliam e interpretam as formas dos sinais, que poderão apresentar os ecos como formas distintas de acordo com os  movimentos, auxiliando na interpretação das características para  identificação dos tipos de  descontinuidades planares, volumétricas, esféricas ou  localizadas na raiz das soldas.
          Estamos tratando de varreduras com transdutores angulares, onde a norma exige uma sobreposição de 15% sobre a movimentação e velocidade de 150 mm/s, numa distância da margem da solda correspondente a três saltos e acréscimo de segurança de 20 mm, nos lados adjacentes acessíveis da solda.
          Pelo  procedimento, é possível com precisão, a localização da profundidade, altura, tamanho do defeito, independentemente qual a metodologia escolhida pelo inspetor. 
          O maior mérito  e notoriedade do método A-scan manual, é a detecção e dimensionamento de defeitos planares iregulares e perpendiculares ou paralelos ao feixe. Exemplo de análise restritiva  para detectação de defeitos com estas caracterìsticas,é na gamagrafia, que nessas condições, não proporciona contraste para densidade de fundo e devido essa mesma pecualiridade, o tipo de defeito também não ser detectável para transdutores fixos do ultrassom automático, independentemente do número de cabeçotes de diferentes ângulos que possuir.
           Há necessidade de perder um tempo precioso para detalhar a varredura, procurando a melhor angulação que preporcione o maior sinal refletido. Um defeito pode  passar em branco, se no instante exato que um sinal qualquer é percebido não for pausado a varredura e imediatamente iniciado uma otimização no ganho do sinal para estudar o comportamento da forma da figura do eco e assim delongando para detalhamento a avaliação do resultado do ensaio, conforme as irregularidades que podem apresentar alguns defeitos planares; como por exemplo típico, a instável e tensionada  trinca.
          Exemplo análogo, durante a inspeção foi detectado um eco no aparelho, com seu pico abaixo dos 20% de altura da curva de referência,  mas com sua base larga e inconstante, projetada a uma distância do lado oposto da superfície, provavelmente este sinal precisa ser investigado e analisado minuciosamente, ação apenas proporcionada pela inspeção manual do tipoi A-scan.
          Estes procedimentos foram estudados, experimentados, aperfeiçoados e aplicados durantes anos, para que fossem dimensionados com precisão e confiabilidade, todos os defeitos provenientes de fabricação e soldagem de diversos equipamentos. 
          O método A-scan para inspeção de solda conforme norma americana, não exige ensaio complementar para a detectabilidade das descontinuidades propostas.
          O registro permanente  neste tipo de inspeção não é possível devido às características de minuciosidade do ensaio. Porém o registro do sinal da tela com indicações acima de 50% da curva de referência do bloco, conforme norma apropriada, é obrigatória.
          Já o ensaio automático não detecta os defeitos propostos pelos corpos de prova de avaliação do SEQUI, devido ao grau de dificuldade pela exigência da perícia e destreza manual.
          Com certeza, o confrontamento das metodologias, abriria uma gama de desentendimentos e dúvidas que comprometeriam a confiabilidade do método de registro permanente automático.



  

Acopladeira manual de dutos

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Diagramas AVG ou DGS

Os diagramas AVG ou DGS foram preparados para facilitar a avaliação de uma série de parâmetros do ensaio ultra-sônico relacionados ao material, o feixe sônico, o tamanho mínimo da descontinuidade detectável por um determinado transdutor, e outros. A figura abaixo ilustra um diagrama específico para o transdutor do tipo normal de ondas longitudinais, com 2 MHz de frequência , fornecido pelo fabricante Krautkramer.
O diagrama abaixo foi elaborado mediante o estudo da resposta do transdutor em termos de ganho , dos ecos provenientes de vários furos de fundo chato usinados numa peça de aço a diversas profundidades, resultando assim as curvas mostradas no diagrama para cada furo.
Como exemplo de aplicação e uso do diagrama podemos observar que o comprimento do campo próximo do transdutor B 2 S é aproximadamente 50 m pois a partir da profundidade de 50 m no diagrama o comportamento das curvas tem a forma linear. Outra característica que podemos observar no diagrama é que só é possível a detecção de um refletor com 1 m de diâmetro equivalente até600 m de profundidade para este transdutor.
Uma aplicação interessante do diagrama AVG é a determinação da atenuação sônica do material. Frequentemente é requerido a determinação da atenuação sônica de um material para comparar com o critério da qualidade requerido, principalmente em forjados, fundidos nas mais variadas aplicações. A título de exemplo vamos supor uma peça de aço com 100 m de espessura onde foi acoplado um transdutor normal B 2 S na superfície.

Diagrama AVG ou DGS extraído do "data-sheet" publicado pela Krautkramer para o transdutor normal B 2 S
O percurso sônico no interior da peça será igual a duas vezes a espessura desta equivalente a 200 m. O 10 eco de fundo deve ser ajustado para uma altura de 80% da tela. Sem alterar o controle de ganho do aparelho de ultra-som, é feita a leitura da diferença de altura entre o 10 eco de fundo e o 20 eco de fundo . No nosso exemplo a diferença foi de 8 dB.
No diagrama AVG é feita a leitura correspondente a queda da intensidade sônica com a distância percorrida devido à divergência, no diagrama é lido sobre a curva do eco de fundo para 200 m e 400 m resultando em -6dB. Portanto a atenuação será igual a 8 dB - 6dB / 200 m, ou seja 0,01 dB/m para frequência de 2 MHz.

DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DO REFLETOR EQUIVALENTE NO DIAGRAMA DGS
A determinação do tamanho de descontinuidades pelo método AVG ou DGS somente é aplicável a descontinuidades menores que o diâmetro do transdutor. A determinação do tamanho da descontinuidade é feita por comparação ao refletor equivalente no diagrama AVG ou DGS, seguindo as seguintes etapas:
A título de exemplo, vamos considerar um transdutor normal B2S e uma peça forjada com superfícies paralelas de espessura 250 m contendo um pequeno refletor a uma profundidade de 200 m a ser determinado.
a) O eco de fundo deve ser ajustado de forma que sua altura esteja a 80% da altura da tela, numa região da peça isenta de descontinuidades ;
 b) O transdutor deve ser posicionado sobre a descontinuidade, e o eco correspondente deve ser maximizado;
c) Com auxílio do controle de ganho, deve ser feita a leitura em “dB” da diferença entre o eco da descontinuidade e o de fundo a 80% da tela. Vamos considerar a título de exemplo +14 dB;
 d) No diagrama AVG do transdutor B2S levanta-se uma perpendicular na profundidade de 250 m até encontrar a curva do eco de fundo no diagrama ;
 e) A partir deste ponto, na mesma perpendicular, reduzir 14 dB, e seguir paralelamente ao eixo da profundidade (eixo x) até cruzar com a perpendicular referente à profundidade da descontinuidade ( 200 m);

f) A partir do ponto de cruzamento, fazer a leitura da curva do refletor que estiver mais próxima, que no caso será 8 m. Este deve ser considerado o tamanho do refletor equivalente encontrado.


               Abaixo:  Exemplos  de vários recursos visuais de ilustração, para elaboração de croquis com detalhamentos dos resultados das inspeções.

Desenhos : Walter




















INSPEÇÃO DE PEÇAS  DIVERSAS EM AERONAVES

            Na inspeção ultra-sônica tornou-se possível localizar defeitos em todos os tipos de materiais, sem provocar-lhes quaisquer danos. São elaborados procedimentos de inspeção específicos e dimensionais; assim poderá ser  avaliado numa manutenção preventiva e preditiva, os esforços repetitivos de peças, eixos, pistões, verificando a detecção de trincas de fadiga, como exemplo.   
             O  método denominado teste por contato, que é facilmente adaptado ao uso no hangar (esse é o método aqui apresentado). Nesse método a peça a ser inspecionada e a unidade de pesquisa são acopladas com um material viscoso acoplante que reveste as faces da unidade de pesquisa e o material sob exame. Há dois sistemas básicos ultrassônicos: 
1) O pulsante. 
2) O de ressonância.

Eco-pulso - Os efeitos são detectados medindo-se a amplitude dos sinais refletidos e o tempo necessário para esses sinais irem das superfícies para as descontinuidades.
Sistema de ressonância - Esse sistema difere do método pulsante no sentido de que a freqüência de transmissão é, ou pode ser, continuamente variada. O método de ressonância é utilizado principalmente para medida da espessura, quando os dois lados da peça sob teste são lisos e paralelos. O ponto no qual a frequência transmitida equivale ao ponto de ressonância da peça sob teste, é o fator que determina a espessura.

Porosidades

Falta de fusão ou mordedura na raiz



Falta de penetração devido ao mal acoplamento da junta.

O ganho recebido pelo transdutor depende da incidência do feixe sônico sobre a superfície irregular do defeito para que o retorno seja maximizado. A energia é medida pelo cristal e sua intensidade em decibéis é lida no osciloscópio, onde pode-se observar as características da superfície do defeito, pelo desenho do eco que se forma no aparelho de ultrassom.
É dos ensaios de END, o mais interessante devido a sensibilidade para detectar defeitos internos ou superficiais. Somente quando a projeção do defeito for maximizada, com precisão e destreza, o melhor posicionamento do cabeçote com o defeito, até que o sinal capturado tenha o maior valor, marcando assim a proporção dimensional do defeito com o do bloco de referência (Asme V), determinado para o equipamento específico segundo norma cabível.







Difração de ondas

Defeitos agudos, com a ponta em forma de cunha em direção a propagação da onda, como a ilustração, tem uma característica particular visualizada pelo método a-scan.Quando isto ocorre, deve-se complementar a varredura com cabeçotes angulares, para determinar a sua profundidade e tamanho pelo valor do ganho. Neste caso temos o fenômeno de difração da onda. 
A pedra ao cair sobre a superfície de um líquido verificamos a formação de ondulações em forma de círculos concêntricos. Essas ondulações são as ondas, as quais, por terem pequenas amplitudes, consideramos ondas transversais. No decorrente movimento dessas ondas, elas tanto podem ser refletidas como podem ser refratadas.
O fenômeno denominado difração nada mais é do que o desvio ou espalhamento sofrido pela onda quando esta contorna ou transpõe obstáculos que estão em seu caminho. Dizemos  que tal fenômeno acontece a todos os tipos de ondas e é fácil de perceber  se tratando de ondas sonoras. Exemplo da difração sonora é quando estamos ouvindo uma música está sendo tocada do outro lado de um muro. O som é diferente e tem outra qualidade devido a mudança das direções e a forma das ondas propagadas.
A largura da passagem a transportar e o tamanho mais o comprimento da referida onda determinam a maior ou menor capacidade de uma onda sofrer difração. 
A difração será tanto mais intensa quanto maior for o comprimento de onda quando comparado ao tamanho do obstáculo. Ou seja, a onda contorna mais facilmente os obstáculos quando estes são pequenos, se comparados ao comprimento destas ondas.